Depoimentos – Textos

Felipe Pinheiro.
Um vulcão de múltiplos talentos disfarçado numa carinha de nerd. Em sua passagem meteórica pelo planeta, Felipe viveu em plenitude criativa: fez cinema, teatro e TV sem parar. Com Pedro Cardoso armou a dupla explosiva que sacudiria o teatro carioca com comédias inteligentes, hilárias e um tracinho de melancolia. Era um ator ground e underground, livre de qualquer rótulo ou tendência. Podia trabalhar com desenvoltura em filmes seríssimos como O Judeu até cair no escracho de Detalhes tão Pequenos de Nós Dois, que escreveu e dirigiu, com Pedro Paulo Rangel como ator.
Felipe tinha a vocação da amizade: gostava de reunir os amigos com qualquer era pretexto - dia 29 de cada mês fazia o nhoque da fortuna em sua casa no Jardim Botanico. Quem ia se deparava com uma multidão de gente de todas as caras, idades, e tribos conversando como amigos de infância. Felipe atraía afeto e deixava todo o mundo à vontade.
Além de amiga e admiradora eu vivia fazendo planos com ele de trabalharmos juntos. Tive uma amostra dessa alegria trabalhando com ele e Pedro na adaptação da peça Bar Doce Bar, escrita e protagonizado pelos dois, na adaptação que a dupla fez para a televisão. Era numa série chamada Teletema, diirigida, também, por eles com direção geral de Roberto Talma. Nessa versão, Diogo Vilela, Analu Prestes e eu éramos um trio de granfinas que entrava em cena pra fazer escândalo. Que farra, que saudade. Queria ter trabalhado mais, muito mais, com Felipe – e sei que todos os seus amigos diriam a mesma coisa. Mas não contava com essa rasteira - de repente ele resolveu sair de cena. Puxa vida, justo quando começávamos a ficar mais brothers. Não me conformei. Estava por perto mas até hoje finjo que não vi. Ainda espero encontrar Felipe a qualquer momento, atravessando a rua, em Ipanema e, dentre outros planos, combinar com ele uma praia no domingo.
Denise Bandeira - Atriz